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Renascidos da doação

      Jorge Santos, 61 anos, casado, pai de um filho, natural de Carazinho/RS. Ademir Antônio Argenta, 68 anos, casado,pai de dois filhos, natural de Erechim/RS. Eles dois não se conhecem,nem ouviram falar um do outro,  mas possuem algo em comum que os torna parecidos: são transplantados de fígado. 

        Jorge  sempre foi um homem ativo, trabalhador, de bem com a vida, feliz ao lado dos amigos e da família. Tudo estava bem até ser diagnosticado com Hepatite C, aí veio a angústia e medo, mas era preciso superá-los para enfrentar longos tratamentos que, infelizmente, não obtiveram resultados positivos. Enquanto isso a doença se agravou, sintomas como febre, dores abdominais e falta de apetite eram frequentes. 

        A situação de saúde de Jorge era delicada, precisaria de um transplante com urgência, mas precisou aguardar na fila de espera por cinco meses. Neste período passou por várias internações hospitalares, pois dava hemorragia e encefalopatia, em uma delas recebeu uma ligação que comunicava que seria necessário se deslocar até o Hospital São Vicente de Paula, em Passo Fundo, para a realização do transplante. “ Na época não tinha ambulância em Carazinho, quem me levou foi meu irmão. Levantei da cama, com os acessos  e tudo, e fomos”, relembra. Ao chegar no hospital o órgão já estava a sua espera, mas foi necessário oito horas de cirurgia para declarar “ que alegria, uma vida nova!”.

     A história de Ademir não é muito diferente. Ele havia se aposentado, estava feliz , pois acreditava que a partir daquele momento poderia descansar e curtir a família, porém chegou uma notícia que mudou sua vida e de todos que lhe cercavam. Os médicos diagnosticaram que estava com Hepatite B, e como consequência, o fígado estava com cirrose hepática, para solucionar o problema seria necessário transplante de fígado: - “ Foi terrível a notícia”, desabafa.

    Após digerir aos poucos a informação precisou ir a Passo Fundo para consultar com especialista, e encaminhar os papéis para entrar na fila de transplante. A partir desse momento era uma luta contra o tempo, e outra, para encontrar um doador compatível. Foi um ano e meio de angústia e aflição, onde perdeu peso e resistência, ficando debilitado até receber uma nova notícia em pleno domingo de manhã, a qual informava que estava a caminho um órgão e precisaria de deslocar novamente, porém dessa vez,  para o procedimento cirúrgico. “ Eu estava igual uma mulher grávida com a mala pronta, só esperando me ligarem”, relembra com bom humor.

     Após 10 horas no bloco cirúrgico uma nova vida recomeçava para Ademir. Agora era hora de agradecer, o que ele expressa durante a entrevista - “ Obrigada meu Deus, obrigada meu Deus!”. Ambos, Jorge e Ademir, exaltam não somente a força divina, mas a todos que de alguma forma ajudaram para que essa conquista fosse comemorada, em especial às famílias doadoras que aceitaram fazer a doação do órgão de um ente querido. Sendo que Ademir ainda agradece às 85 pessoas que doaram sangue para repor o que ele havia necessitado - “ Nessas horas a gente vê que têm muitas pessoas boas”, declarou emocionado. 

    Após o procedimento de transplante os pacientes começam a fazer o uso de imunossupressores, a fim de evitar algumas complicações possíveis. Uma dessas complicações pode ser a rejeição do organismo ao órgão transplantado,  e o seu Jorge passou por essa aflição. Após quatro anos de transplante o corpo começou a dar sinais de repulsa precisando aumentar a medicação e voltar a fazer várias internações até o organismo se adaptar - “ Eu tinha fé que ia vencer, e venci”, declara.

      A família e a espiritualidade foram duas grandes aliadas em todo o processo de transplante, tanto do Jorge quanto do Ademir. Esse período de angústia da vida dos dois proporcionou uma reflexão dentro do seio familiar: falar sobre o desejo de ser um doador de órgãos. Eles nunca haviam comentado sobre a temática antes de precisarem de um transplante,  mas sentiram a necessidade quando precisaram contar com o ato de solidariedade, tão sublime quanto a doação. Motivados pela própria história, hoje tornaram-se militantes da causa. “Hoje eu tento levar essa causa para frente, levando informação, sensibilizando a população em geral sobre a doação de órgãos”, explica Jorge.

    Foi por meio da conscientização e de um “ sim” de famílias desconhecidas que esses dois senhores renasceram por meio de uma doação.  Em 2019, Jorge completa 10 anos de transplante e Ademir 18 anos.  

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      Segue abaixo uma mensagem dos dois transplantados:

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